Esgotamento: Como superar a síndrome do burnout

Esgotamento: Como superar a síndrome do burnout

Os profissionais concordam que este transtorno afeta mais os trabalhadores que têm empregos relacionados ao cuidado com pessoas. Por exemplo, médicos, enfermeiros, cuidadores não profissionais ou agentes penitenciários.

Sensação de esgotamento profundo relacionado ao trabalho afeta um número enorme de pessoas. Seus principais sintomas são isolamento, baixa autoestima e dúvidas sobre nossas capacidades profissionais

“Não é algo que se note de repente. Trata-se de um processo que vai se desenvolvendo pouco a pouco. Começa pelo desconcerto, por não saber o que lhe acontece, essa dificuldade de se levantar da cama e ir trabalhar. Você não descansa à noite, porque a cabeça se enreda com os problemas do trabalho. Começa a ser pessimista. Vê as coisas piores do que realmente são, e o que antes eram meros transtornos viram grandes problemas. Tudo isso lhe deixa de mau humor, e quem paga são as pessoas do seu entorno. Pouco a pouco, você vai se isolando, sua autoestima pessoal desmorona, e você começa a duvidar até das suas próprias capacidades profissionais.”

Com estas palavras, uma pessoa afetada pela síndrome do burnout (palava em inglês que poderia ser traduzida como “esgotamento total”) descreve o processo que atravessa. A Organização Mundial da Saúde (OMS) a definiu em 2019 como estresse crônico associado ao trabalho, com três claras consequências: sentimento de esgotamento profundo, uma atitude negativa em relação ao trabalho e uma redução da eficácia profissional. A covid-19 acentuou esses sintomas. “Passamos a nos sentir mais vulneráveis pelos acontecimentos e ficamos mais propensos a nos esgotar no nosso trabalho”, reflete Antonio Pamos, doutor em Psicologia e professor da Universidade Camilo José Cela, em Madri.

A síndrome do desgaste emocional, como explicitada na nova classificação, está associada ao estresse crônico no trabalho, caracteriza-se pela despersonalização das tarefas, exaustão emocional e física e baixo rendimento. Especialistas estimam que o burnout afete 10% dos trabalhadores e, nas formas mais severas, entre 2% e 5%.

burnout não é um problema só de quem o sofre, mas sim da organização e da sociedade em seu conjunto. Segundo Jennifer Moss, autora do livro The burnout epidemic (”A epidemia do burnout”, livro ainda sem tradução para o Brasil), esta síndrome resulta na perda de quase 100 bilhões de dólares em produtividade mundial por ano, um gasto de 190 bilhões em atendimento médico e a morte de 120.000 pessoas por ano só nos Estados Unidos por causa do esgotamento. Estamos falando de um problema realmente sério, que prejudica muitas pessoas, transcende o âmbito trabalhista e atinge não só quem está dentro de uma organização, mas todo tipo de profissionais, como autônomos e empresários. Afeta inclusive parentes e amigos que convivem com alguém que se encontra nesse estado de tensão crônica.

Contra isso, tanto as corporações como os próprios afetados precisam tomar medidas. “Cair nesta síndrome demora; sair dela, também. Em alguns casos, precisamos nos apoiar em especialistas, e em outros podemos nos autorregular se agirmos em diferentes níveis: o fisiológico, o emocional e o mental”, explica Pamos.

O primeiro passo consiste em reconhecer que estamos esgotados. Todos podemos sofrer esta síndrome, mas parece que existem pessoas mais propensas. Pessoas vocacionadas ou altamente dedicadas podem sofrer as consequências com mais intensidade. Assim acontece com professores, enfermeiros ou profissionais do terceiro setor. Segundo o estudo de Sharon Maylor, da Universidade Walden, alguns traços nos tornam mais vulneráveis ao burnout. Os perfeccionistas, os introvertidos e os indivíduos excessivamente analíticos, mais sensíveis a possíveis riscos, pouco impulsivos ou que assumem um excesso de responsabilidade pelo que ocorre têm mais possibilidades de sofrê-lo. Portanto, para reduzir o impacto do burnout em nossa vida, precisamos melhorar nosso autoconhecimento, aprendendo a identificar o que acontece conosco.

Um dos níveis sobre os quais é preciso trabalhar é o fisiológico. “Devemos tratar de eliminar a ansiedade através de técnicas de relaxamento, de uma melhora da respiração ou do mindfulness, por exemplo”, sugere Pamos. É importante dedicar tempo a se cuidar, como demonstrou um estudo. Segundo a análise feita por Yu Tse Heng e Kira Schabram, da Universidade de Washington, as pessoas que dedicaram 10 minutos por dia ao autocuidado, com técnicas de relaxamento, cozinhar alimentos saudáveis ou inclusive tirar um cochilo, reduziam sua percepção de esgotamento no dia seguinte. Além disso, praticar a compaixão ajudava a reduzir o cinismo derivado do burnout.

Outro sintoma desta síndrome é a percepção de isolamento. A maneira de evitá-lo é agir no nível emocional –abrir-se a novas conversas com pessoas queridas, pedir ajuda para sair do loop mental em que nos encontramos e recordar como éramos antes de estar assim. Não por saudosismo, mas para compreender que se trata de um estado temporário, não algo inerente a nós. Que podemos sair dessa. Como reconhece uma pessoa que teve burnout: “Você mesmo se transforma em alguém tóxico, porque está mal e se cerca de pessoas igualmente tóxicas, que se queixam de tudo que acontece”. O objetivo é saber dizer não a essas relações e começar a se cercar de pessoas mais positivas, com conversas mais amáveis.

Por último, o nível mental consiste em ampliar nossa perspectiva pessoal. É verdade que dedicamos muitas horas ao trabalho, mas esta é só uma parte de nós mesmos. Valorizar o que já temos, como nossa família, a saúde e os amigos, ajuda a relativizar e a colocar no seu devido lugar os problemas profissionais e o esgotamento a ele associado. Logicamente, alcançar essa atitude demora. Às vezes, é necessária ajuda externa; em outras ocasiões, é preciso tomar decisões, como trocar de trabalho ou de amizades, mas o importante é agir para sair desse esgotamento, por si mesmo e pelas pessoas que nos amam.

Com informações do El País

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Lairson Bueno

Lairson Rodrigues Bueno, advogado OAB DF 19407, especialista em Direito Penal, atuando na região Centro Oeste, e, estados de São Paulo e Piauí. É formado em Direito pela UCDB - Universidade Católica Dom Bosco de Campo Grande (MS), cursou Estudos Sociais pela UFMS - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, e, Teologia pela FE - Faculdade Evangélica de Brasília, pós graduado em Direito Penal e Formação Sócio Econômica do Brasil pela UNIVERSO-Universidade Salgado de Oliveira de Niterói (RJ). Mais de 70 cursos de qualificação e atualização profissional. Cursou Espanhol Básico e advogou na fronteira com o Paraguai. Ex-funcionario do Banco do Brasil por 12 anos e de cargos comissionados nas Administrações Públicas por 10 anos. Ex-presidente das Subseções da OAB por 3 mandatos, sendo dois mandatos por Samambaia (DF) e um por Taguatinga (DF). Contatos: (61) 9-8406-8620 advbueno@hotmail.com

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