Boris Johnson renuncia como líder e deixa cargo de primeiro-ministro do Reino Unido

Boris Johnson renuncia como líder e deixa cargo de primeiro-ministro do Reino Unido

Principais meios de comunicação britânicos já apontavam a queda do primeiro-ministro como certa nesta quinta, após Downing Street anunciar pronunciamento para hoje

O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, renunciou ao cargo de líder do Partido Conservador, abrindo caminho para a escolha de um novo premiê. O anúncio foi feito em meio à grave crise política que levou à demissão de mais de 50 integrantes do governo nas últimas 48 horas.

Johnson confirmou o fim do governo em um pronunciamento à imprensa em frente à sede do governo, no número 10 de Downing Street, em Londres.

Os principais veículos de comunicação britânicos já davam como certa a renúncia do premiê na manhã desta quinta. Jornais como The Guardian, The Times, The Independent e The Telegraph, além da rede britânica BBC, amanheceram nesta quinta-feira, 7, afirmando que a queda era inevitável.

Mais de 50 pessoas entregaram os cargos desde as saídas do chefe do Tesouro, Rishi Sunak, e do ministro da Saúde, Sajid Javid, que renunciaram na terça-feira, 5, incluindo alguns dos nomeados por Johnson para ocupar os cargos recém-vagos.

O novo ministro das Finanças, Nadhim Zahawi, nomeado na terça-feira depois que do pedido de demissão de Sunak, uniu-se nesta quinta-feira aos pedidos de renúncia de Johnson. Em uma publicação no Twitter, Zahawi escreveu:

“Primeiro-ministro: isso não é sustentável e só vai piorar: para você, para o Partido Conservador e o mais importante de tudo, para o país. Você deve fazer a coisa certa e ir agora. (Nadhim Zahawi).

Michelle Donelan, nomeada na terça-feira para o ministério da Educação para substituir Zahawi, apresentou o pedido de demissão apenas 48 horas depois de assumir a pasta.

O líder do Partido Trabalhista, principal força da oposição britânica, Keir Starmer, afirmou que a perspectiva de renúncia do primeiro-ministro é uma “boa notícia”.

“A única maneira de o país ter o recomeço que merece é se livrar desse governo conservador”, escreveu Starmer.

Johnson é conhecido por sua capacidade de ignorar escândalos, mas uma série de acusações criminais o levaram à beira do precipício, e alguns de seus colegas parlamentares conservadores temiam que o líder conhecido por sua afabilidade pudesse ser um risco nas eleições. Muitos também estavam preocupados com a capacidade de um Johnson enfraquecido de governar em um momento de crescente tensão econômica e social.

Meses de descontentamento com o julgamento e a ética de Johnson dentro do Partido Conservador do governo explodiram com as renúncias de Sunak e Javid com poucos minutos de diferença na noite de terça-feira. Os dois pesos pesados do Gabinete foram responsáveis por abordar dois dos maiores problemas enfrentados pelo Reino Unido – a crise do custo de vida e a pandemia de covid-19 em andamento.

As duas renúncias aconteceram poucas horas depois de Johnson apresentar novas desculpas ao admitir que cometeu um “erro” por ter nomeado para um cargo parlamentar importante Chris Pincher, um conservador que renunciou na semana passada e reconheceu que apalpou, quando estava embriagado, dois homens, incluindo um deputado, em um clube privado do centro de Londres.

Depois de afirmar o contrário em um primeiro momento, Downing Street reconheceu na terça-feira que o primeiro-ministro havia sido informado em 2019 sobre acusações anteriores contra Pincher, mas havia “esquecido”.

A isso se soma o fato de que, nos últimos meses, Johnson foi multado pela polícia e criticado pelo relatório de uma investigadora que aponta desrespeito às restrições contra a covid-19 impostas a outros, o escândalo que ficou conhecido como Partygate.

As crises de Boris Johnson

São vários os escândalos que colocam o cargo do primeiro-ministro britânico em risco neste momento. O que começou com festas durante a pandemia chega ao ápice agora com escândalos de assédio sexual.

Partygate: Enquanto os britânicos foram obrigados a ficar em casa, sem ver a família ou amigos devido à covid-19, em Downing Street, onde Johnson vive e trabalha, ocorreu todo o tipo de eventos, desde Natal, despedidas ou festas de aniversário até celebrações no jardim. A polícia britânica investigou e impôs 126 multas, incluindo uma ao primeiro-ministro, o primeiro chefe de governo em exercício a ser sancionado por violar a lei.

A alta funcionária Sue Gray também produziu um relatório altamente crítico dos “altos funcionários” responsáveis por reuniões com excesso de álcool, brigas, saídas pela porta dos fundos tarde da noite e, ocasionalmente, falta de respeito pelo pessoal de segurança e limpeza. Johnson afirmou assumir “total responsabilidade”, mas se recusou a renunciar e sua legitimidade sofreu.

Conflito de interesses: As lucrativas atividades de lobby de alguns parlamentares conservadores provocaram indignação. O deputado Owen Paterson foi acusado de fazer lobby junto ao governo em nome de duas empresas que o pagaram. Johnson tentou mudar as regras para evitar ser suspenso do Parlamento, ganhando uma avalanche de críticas que o obrigou a recuar. Isso, entre outros casos de clientelismo e cutucadas, alimentou acusações de corrupção por parte da oposição.

Obras luxuosas de seu apartamento: O primeiro-ministro afirmou ter pago do próprio bolso a luxuosa reforma do apartamento oficial que ocupa com sua família em Downing Street. Mas ele havia recebido uma doação, que depois teve de devolver, de um abastado partidário do Partido Conservador, que foi multado pela comissão eleitoral por não declará-lo.

Gestão da pandemia: No início da pandemia, Johnson foi duramente criticado por sua gestão errática, acusado de não agir com rapidez suficiente e de não proteger os profissionais de saúde e os idosos nas residências. Grande parte dos próprios parlamentares conservadores se rebelou, votando contra a introdução de um passaporte de saúde para acessar grandes eventos, que foi finalmente aprovado graças aos votos da oposição trabalhista. No entanto, ele conseguiu esquecer as críticas ao seu manejo da covid-19 ao contar com uma campanha de vacinação bem-sucedida.

Crise do custo de vida: A inflação descontrolada, que atingiu uma alta de 40 anos no Reino Unido, chegando a 9% ano a ano em maio, afetou a popularidade do governo, acusado de não fazer o suficiente para ajudar as famílias que lutam para sobreviver. mês. A alta nos preços de alimentos e energia, exacerbada desde o início da invasão russa da Ucrânia, deve piorar em outubro, quando é esperado um aumento acentuado no pico dos preços da energia no Reino Unido.

O Escândalo Pincher: Johnson admitiu que cometeu um “erro” ao nomear Chris Pincher em fevereiro como vice-chefe do grupo parlamentar conservador, encarregado de disciplinar seus deputados. Pincher renunciou na semana passada depois de ser acusado de apalpar dois homens.

*Com informações de AFP e AP

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Lairson Bueno

Lairson Rodrigues Bueno, advogado OAB DF 19407, especialista em Direito Penal, atuando na região Centro Oeste, e, estados de São Paulo e Piauí. É formado em Direito pela UCDB - Universidade Católica Dom Bosco de Campo Grande (MS), cursou Estudos Sociais pela UFMS - Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, e, Teologia pela FE - Faculdade Evangélica de Brasília, pós graduado em Direito Penal e Formação Sócio Econômica do Brasil pela UNIVERSO-Universidade Salgado de Oliveira de Niterói (RJ). Mais de 70 cursos de qualificação e atualização profissional. Cursou Espanhol Básico e advogou na fronteira com o Paraguai. Ex-funcionario do Banco do Brasil por 12 anos e de cargos comissionados nas Administrações Públicas por 10 anos. Ex-presidente das Subseções da OAB por 3 mandatos, sendo dois mandatos por Samambaia (DF) e um por Taguatinga (DF). Contatos: (61) 9-8406-8620 advbueno@hotmail.com

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