Lula volta a dizer em Abu Dhabi que Ucrânia também é responsável pela guerra
O presidente brasileiro afirmou que decisão pelo conflito foi tomada por dois países e defende criação de grupo para paz o que ele chamou de “G20”. Lula disse ainda que Estados Unidos e União Europeia acabaram incentivando o conflito.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a afirmar que a responsabilidade pela invasão russa na Ucrânia é tanto de Moscou quanto de Kiev. “A decisão da guerra foi tomada por dois países”, disse em entrevista coletiva antes de deixar Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, no fim de sua viagem à Ásia.
Repetindo o tom de declarações dadas na China, o presidente voltou a dizer que os Estados Unidos e a União Europeia acabam incentivando a permanência do conflito com suas ações. “O presidente Putin não toma a iniciativa de parar. (O presidente ucraniano) Zelenski não toma a iniciativa de parar. A Europa e os Estados Unidos continuam contribuindo para a continuação desta guerra. Temos que sentar à mesa e dizer para eles basta”, disse Lula antes de encerrar a visita à nação árabe. Segundo ele, a “decisão pelo conflito foi tomada por dois países”.
Em janeiro, durante visita do chanceler alemão Olaf Scholz ao Brasil, Lula chegou a dizer que a Rússia estava errada em invadir o país vizinho, mas também sinalizou para culpa na própria Ucrânia. “Continuo achando que quando um não quer, dois não brigam”, afirmou. Em maio de 2022, ele também declarou que o presidente ucraniano, Volodmir Zelenski seria “tão culpado quanto o (Vladimir) Putin”, presidente russo, pelo conflito.
Durante a entrevista nos Emirados Árabes, Lula também falou sobre seus planos de construir um “um grupo de países que não tem nenhum envolvimento com a guerra” e que estivessem dispostos a conversar com Rússia e Ucrânia, pelo fim do conflito. “Quando houve a crise econômica de 2008, rapidamente criamos o G20 para tentar salvar a economia. Agora é importante criar outro G20 pra acabar com a guerra e estabelecer a paz”, disse.
Questionado se estaria fazendo movimentos para ter um bloco econômico separado do G7, sem o uso do dólar como moeda comum, Lula disse que não tem essa pretensão e afirmou que “o G7 não precisa do Brasil para existir”. Afirmou, ainda, que “o G20 é uma coisa ainda mais importante”, porque reúne mais países, com maior representativade para discutir os problemas atuais.
Defendeu também a presença de mais países no Conselho de Segurança da ONU, incluindo América Latina, África, países Árabes e a Alemanha, em prol do que chamou de “uma governança global mais forte”.
Em Abu Dhabi, Lula foi recebido ainda no aeroporto por Suhail bin Mohammed Al Mazrouei, ministro de Energia e Infraestrutura dos Emirados. Depois, encontrou o xeique Mohammed bin Zayed Al Nahyan no palácio presidencial. O encontro foi saudado com uma salva de 21 tiros de canhão, e a guarda tocou o hino brasileiro. Os líderes participaram de reuniões e de um jantar.
“Os Emirados são o país da região que mais investe no Brasil, serão sede da COP-28 neste ano e irão ampliar investimentos em biocombustíveis e energias renováveis”, escreveu Lula nas redes socais. “Volto ao país 20 anos depois para reforçar a relação entre o Brasil e os Emirados Árabes Unidos”.
Lula chegou ao país árabe depois de dois dias de compromissos na China. A projeção no Ministério da Fazenda é que os pactos no país asiático totalizem cerca de R$ 50 bilhões de investimento.
Com Agências Internacionais