Copa: Argentina chega à semifinal escolada em pontos nos quais Brasil errou
Jogo contra time fechado? Teve. Gol sofrido nos acréscimos. Também. E até disputa de pênaltis. O roteiro que diferencia o eliminado do Brasil da classificada Argentina, basicamente, é o resultado. Como a seleção de Messi venceu os obstáculos e não sucumbiu ao baque de ver o adversário reagir quando parecia sem forças, os argentinos chegam às semifinais da Copa do Mundo, contra a Croácia, hoje (13), às 16h (de Brasília).
O fato de o adversário ser o mesmo que eliminou o Brasil ainda reforça a percepção de que há um “manual” mais claro para se derrotar os croatas. E as próprias experiências já vividas pela Argentina, mais recentemente nas quartas de final contra a Holanda, somam-se a isso.
Os elementos estão colocados. Na coletiva da véspera da semifinal no estádio Lusail, uma preocupação dos jornalistas argentinos colocada para o lateral-esquerdo Nicolás Tagliafico era se a equipe tinha aprendido a lição do empate sofrido no tempo normal, já no 11º minuto de acréscimos.
“Se estamos em vantagem, vamos sofrer. Sabemos sofrer, já aconteceu com a gente. Temos de estar preparados e buscar uma maneira que não gere oportunidades. Mas é difícil de explicar, porque depende dos momentos. O bom é que já experimentamos isso, tomara que soframos menos”, disse Tagliafico.
No contexto argentino, o fato de o empate não ter acontecido imediatamente antes da disputa de pênaltis foi um elemento diferente da eliminação do Brasil. Apesar do sufoco diante dos holandeses, a equipe de Lionel Scaloni conseguiu se dar melhor nos pênaltis.
O goleiro Dibu Martínez é um trunfo dos argentinos. Tem confiança do time e a idolatria da torcida. Contra os holandeses, defendeu a primeira cobrança, feita por Van Dijk. Isso sedimentou o caminho vitorioso da Argentina. Ele também defendeu a batida de Berghuis. No caso do Brasil, Alisson não pegou uma cobrança sequer dos croatas.
“Por mais que tenhamos um bom goleiro, a tranquilidade nos pênaltis não existe. Mas sabemos que ele está ali e nos vai ajudar”, completou Tagliafico.
Não desanimar diante das adversidades é crucial diante de uma Croácia também resiliente e que já está acostumada a levar jogos de mata-mata em Copas do Mundo para prorrogação e pênaltis. A campanha que culminou com o vice em 2018 já foi assim e o filme se repete até o momento no Qatar. O Brasil teve a sensação que iria se classificar quando abriu o placar diante da Croácia com um belo gol de Neymar, mas tomou um contra-ataque a cinco minutos do fim da prorrogação.
Taticamente, a Argentina pôde observar o comportamento dos croatas diante de um time superior tecnicamente, como o Brasil. A estratégia do time capitaneado por Modric tende a se repetir. A Croácia neutralizou boa parte do jogo brasileiro desacelerando o ritmo, controlando os passes no meio-campo e não jogando a toalha, mesmo passando quase 117 minutos sem finalizar na direção do gol. Por mais que a comissão técnica do Brasil tivesse ciência disso, foi difícil tirar as rédeas dos meio-campistas croatas.
A Argentina, por sua vez, aposta em mutações táticas ao longo da partida, mesmo sem ter que mexer necessariamente na escalação. O time de Scaloni já passou certos sustos no mata-mata da Copa também nas oitavas de final, quando tomou um sufoco da Austrália no fim do jogo. Se não fosse o próprio Martínez também teria ido para a prorrogação contra os socceroos.
Os argentinos, ao mesmo tempo, esperam uma Croácia mais corajosa. Mas enxergam a eficiência do time, uma “sensação de grupo”, como disse Lionel Scaloni.
A Argentina já perdeu para zebra na Copa, já venceu quando tinha obrigação de vencer, já fez bom resultado contra time europeu (Polônia) e passou pelos mata-matas em jogos com emoção. O time criou uma casca nessa Copa do Mundo que pode ser importante para bater de frente contra um duro adversário como a Croácia.
Fonte: UOL