Rede pública de ensino conta com quatro escolas bilíngue
Inglês, alemão e espanhol são os idiomas trabalhados, junto ao português, nas unidades atualmente disponíveis
A rede pública de ensino do Distrito Federal já oferece ensino bilíngue a quem busca aprender um segundo idioma. São quatro unidades educacionais que estão implantando o modelo: Centro de Ensino Médio Integrado do Gama (Cemi), com aulas em alemão; Centro Educacional do Lago Norte (CedLan), com o ensino de francês; Centro de Ensino Médio de Taguatinga, que oferece o espanhol; e o Centro Educacional do Lago (CEL), com o inglês.
“Sabemos o quão importante hoje é ter o conhecimento de uma segunda língua”, afirma a secretária de Educação, Hélvia Paranaguá. “Dar essa oportunidade para os professores, para que eles repassem esse conhecimento aos alunos, é muito importante.”
No CEL, o projeto teve início em maio de 2019, mas foi suspenso durante o período da pandemia de covid-19 e agora está sendo retomado. “Como já tínhamos o método bilíngue, fomos escolhidos para ser piloto”, informa a diretora do CEL, Rosana Gaviano. Atualmente, o CEL possui 470 alunos. De acordo com ela, o processo de implantação das aulas em inglês foi muito bem aceito pelos estudantes. “Embora tenha sido difícil no começo, eles gostaram. Também fizemos uma consulta à comunidade escolar para escolher a língua que faria parte do ensino bilíngue, e a opção foi pelo inglês.”
Parceria
O coordenador dos Itinerários Integradores do Ensino Médio Integral do CEL, Vitor Rios, lembra que a escola, embora esteja situada no Lago Sul, reúne alunos de diversas partes do DF, como Jardins Mangueiral, Itapoã, Paranoá e São Sebastião. “É uma comunidade carente e diversa”, diz. “Temos alunos que já são fluentes no inglês, graças aos centros de línguas, e alguns outros que não têm quase nenhum domínio do inglês. A proposta do ensino bilíngue é dar algo mais a eles.”
O fato de ser uma escola integral facilita a implantação do ensino em outra língua, uma vez que há mais tempo para desenvolver projetos com os alunos. Como a rede de ensino possui hoje poucos professores habilitados para dar aulas bilíngues, a direção do CEL firmou uma parceria com a escola Casa Thomas Jefferson, que está oferecendo aulas gratuitas aos professores.
“Nossa parceria com a Casa Thomas Jefferson proporcionará aos professores aprender estratégias bilíngues”, detalha Vítor. Mas o aprendizado em inglês é para todos os servidores da escola – os auxiliares recebem aulas de inglês instrumental ministradas pelos professores do CEL.
O coordenador do projeto bilíngue do CEL, André Luís de Oliveira e Silva, diz esperar que, nos próximos concursos para professores promovidos pela Secretaria de Educação, haja, entre os aprovados, docentes com aptidão ou proficiência em inglês para fazer parte do projeto. “Para dar aula em outra língua, é preciso ter proficiência”, explica. “Como é uma escola em tempo integral, nossa proposta é que pelo menos 20% do tempo seja ocupado com aulas em inglês.”
Jovens Embaixadores
Para aproximar os estudantes do idioma inglês, a escola recebeu o projeto Jovens Embaixadores, formado por estudantes norte-americanos que conheceram o CEL e participaram das atividades curriculares. Os visitantes foram guiados pelos próprios estudantes da unidade, que fizeram tradução simultânea dos encontros. Nas aulas em inglês, quem tem mais conhecimento da língua auxilia os que estão começando agora. “A ideia é mesclar as aulas em inglês e português”, aponta Vítor.
“Para mim, o inglês é a melhor opção como segundo idioma”, destaca o aluno do terceiro ano do ensino médio Wesley Henrique Ferreira, 17 anos, que já conhecia a língua por ter estudado no CIL. Sua expectativa é que o aprendizado o ajude no curso de engenharia de software que pretende fazer.
Aluna do segundo ano do CEL, Brenda Martins, 16 anos, também diz esperar que o domínio do inglês a ajude na futura profissão – ela quer estudar biologia ou biotecnologia. “Tenho afinidade com o inglês, mas antes de estudar aqui na escola não tinha tido a oportunidade de praticar”, conta. “Em algumas oficinas, as aulas são somente em inglês, e isso é muito bom.”
Alemão
O diretor do Cemi do Gama, Carlos Lafaiete, disse que a escolha da língua alemã se deve ao fato de o Cemi ser uma escola de ensino profissionalizante, que é muito valorizado na Alemanha, o que pode render oportunidades futuras para os alunos. De acordo com o diretor, o projeto, que deveria ter começado a ser implantado no primeiro semestre deste ano, só está sendo iniciado agora, por falta de professores com proficiência em alemão na rede pública de ensino.
Segundo o docente, a expectativa é que com a realização do próximo concurso a escola receba pelo menos dois professores fluentes em alemão. Enquanto isso, o próprio Carlos Lafaiete já está estudando o idioma, num curso gratuito oferecido pelo Instituto Goethe, que apoia o projeto do Cemi.
“Como ainda não temos professores como conhecimento em alemão, vamos realizar oficinas com os alunos sobre a Alemanha”, anuncia. “Esta já será uma forma de aproximar os estudantes do estudo do idioma. Mas estão todos empolgados e perguntando quando o projeto terá início.”
Da Redação com informações da Ag. Bsa