DF vê explosão de casos de Covid nos últimos dias
Com 6 mil novos casos, DF vê explosão de infecções pelo coronavírus. Procura por tratamento e testes tem causado filas em diversas unidades da rede pública e privada do DF
O Distrito Federal tem registrado um avanço no número de infecções por covid-19 e os elevados índicas da taxa de transmissão no Distrito Federal — que está em 1,47 —, unidades de saúde e pontos de testagem têm ficado cada vez mais cheios de pessoas em busca de tratamento e diagnóstico. De acordo com a Secretaria de Saúde do DF (SES-DF), entre sábado e essa segunda-feira (6/6), foram registrados 6,6 mil casos da doença. Se comparado com o observado na última sexta-feira, com 2.304 ocorrências, houve um aumento de 189,88%. Em relação aos dados divulgados da segunda-feira passada, 30 de maio, quando Brasília teve 2.604 testes positivos para o novo coronavírus, o aumento é de 156,49%, em uma semana.
O número de mortes não tem acompanhado o crescimento do de casos. De 30 de maio até essa segunda-feira, houve três óbitos em decorrência da covid-19, sendo um deles, nessa segunda-feira. O médico infectologista Hemerson Luz destaca que o aumento de infecções era esperado devido a um conjunto de fatores, como a chegada do inverno, quando ocorre uma piora nas doenças infecciosas respiratórias. “A população deve ficar atenta, e quem tiver qualquer sintoma deve se isolar”, alerta. Hemerson avalia que a diminuição de vítimas da doença é um reflexo direto da campanha de imunização. “A vacina tem que ser priorizada, tanto a da covid-19, quanto a da influenza. Além disso, as pessoas devem continuar se cuidando, evitando aglomerações e utilizando máscara de proteção”, completa.
Segundo a Secretaria de Saúde do DF, 49,15% dos leitos das unidades de terapia intensiva (UTI) destinados ao atendimento de covid-19 estão ocupados. Os leitos do tipo adulto estão em 42,22%, e o pediátrico chegou a 100% de lotação. Os números dessa segunda-feira mantêm o padrão dos últimos dias, de acordo com o painel InfoSaúde. Atualmente, o DF disponibiliza 36 leitos de UTI para o enfrentamento à pandemia, sendo que 16 estão em uso e 20 vagos. Na rede particular o número de leitos é de 138, sendo que 74 estão em atendimento e 42 disponíveis; a taxa de ocupação de leitos adultos está em 64,04%, e os pediátricos em 50%.
Espera
Longas filas e hospitais lotados é o que os brasilienses encontram ao procurar atendimento na rede pública. A Secretaria de Saúde justifica que o aumento dos casos de síndrome gripal registrados em todo Brasil e no Distrito Federal tem contribuído para um aumento na demanda dos hospitais da rede. Questionada sobre medidas para conter o avanço das infecções, a pasta informou que “desde o início da pandemia, esses estudos são encaminhados ao Governo do Distrito Federal para que, com base nas evoluções ou regressões da doença, as decisões de intensificação ou relaxamento das medidas de distanciamento social sejam tomadas”.
Eram quase 15h quando Cecília de Oliveira, 25 anos, saía de braços dados com o amigo de uma emergência do Hospital Regional da Asa Norte (Hran). Debilitada, ela conta que aguardava o resultado do teste para covid-19 que fez na unidade. A moradora da Asa Sul apresentava dor de cabeça, febre e dor no corpo. “Tenho bronquite crônica há mais de dez anos, e quando a gente tem problema respiratório, até o clima de Brasília atrapalha muito”, pondera.
A vendedora defende o retorno do uso obrigatório de máscara contra a covid-19 para conter o avanço de casos novamente. “Se a gente tivesse mantido essa proteção, não teria esse pico de casos novamente, até porque muita gente se esquece dos pequenos detalhes, como álcool em gel, que não vejo mais ninguém usando”, argumenta Cecília.
Na semana passada o Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) solicitou que o Governo do Distrito Federal (GDF) apresentasse informações sobre as medidas para enfrentamento do atual aumento de casos e da taxa de transmissão da covid-19 e que a Secretaria de Saúde ampliasse a testagem da população. No entanto, os dados não foram divulgados e a pasta alegou, por meio de nota, que “que prestará todos os esclarecimentos dentro do prazo estabelecido”.
As filas também aumentaram nos hospitais da rede particular. Em média, o tempo de espera para o atendimento médico no pronto-socorro é de duas horas. Para o médico Luciano Lourenço, clínico geral e chefe da Emergência do Hospital Santa Lúcia Sul, a situação se dá por três fatores. O primeiro deles é o período do ano, que é marcado pelo crescimento das infecções nas vias aéreas em decorrência do tempo. Outro ponto é o ciclo de dengue atípico, e, por fim, a alta taxa de contaminação por covid-19.
O médico afirma que a maioria dos casos confirmados de covid-19 é de baixa criticidade devido ao efeito das vacinas. Luciano orienta que, em caso de sintomas leves em pessoas imunizadas, o ideal é que se espere três dias para procurar um pronto-socorro a fim de obter o diagnóstico, mitigando as chaces de um resultado falso positivo. “Temos medidas de contingência e fluxos instituídos de forma inteligente para evitar que pessoas se contaminem no hospital”, completa.
Em razão da alta disseminação do novo coronavírus, a Secretaria de Saúde ampliou a oferta de testes da covid-19 para as pessoas com sintomas da doença. Os exames podem ser realizados nas 172 unidades básicas de saúde (UBSs) e na Rodoviária do Plano Piloto. No entanto, a quantidade não tem atendido a demanda, e brasilienses enfrentam grandes filas. No posto de testagem da Rodoviária do Plano Piloto, a estudante de química da Universidade de Brasília (UnB) Victória Rodrigues, 21, aguardou cerca de um hora e meia. “Todo mundo, aqui, provavelmente está com covid-19, e não se sabe qual variante têm. Vim nesse posto porque é rápido e gratuito, mas fico preocupada porque tenho asma e acho um absurdo essa fila com todo mundo se encostando”, critica a jovem.
Morador de Planaltina, o consultor jurídico Lucas Sosa, 27, foi nessa segunda-feira ao posto de testagem da Rodoviária após sair do trabalho, no Setor Bancário Sul (SBS). Ele estava com coriza, garganta inflamada e fraqueza no corpo há quatro dias. “Acho que diante do cenário atual, o uso de máscara deveria ser obrigatório em ambientes fechados, como é recomendado dentro das empresas, porque a máscara é o básico do básico para tentar parar com a disseminação do vírus”, opina Lucas.
Com informações do CB