Bilionário Elon Musk fecha a compra do Twitter por US$ 44 bilhões
Negócio foi aprovado por unanimidade pelo conselho da empresa e deve ser concluído até o final de 2022
O passarinho azul está oficialmente na gaiola do homem mais rico do mundo. A rede social comunicou oficialmente nesta segunda, 25, que aceitou a oferta do bilionário Elon Musk de US$ 44 bilhões, com cada ação avaliada a US$ 54,20. Segundo o comunicado do Twitter, o conselho da empresa aprovou por unanimidade a compra, que será concluída ao longo de 2022. Ao final, a empresa terá o seu capital fechado, tornando-se uma empresa privada.
Segundo Bret Taylor, presidente do conselho independente do Twitter, um dos pontos considerados para a venda da empresa foi o impacto nas ações para os acionistas. “O conselho do Twitter conduziu um processo cuidadoso e abrangente para avaliar a proposta de Elon com foco deliberado em valor, certeza e financiamento. A transação proposta proporcionará um prêmio em dinheiro substancial e acreditamos que é o melhor caminho a seguir para os acionistas do Twitter.”
Com o anúncio do negócio, Musk se manifestou oficialmente e repetiu o refrão sobre liberdade de expressão.”Liberdade de expressão é o seio de qualquer democracia funcional, e o Twitter é a praça digital em que tudo que importa para a humanidade é debatido”, disse Musk. “Eu também quero transformar o Twitter em algo melhor do que nunca ao melhorar os produtos com novos recursos, tornando os algoritmos em código aberto para melhorar confiança, atacando robôs de spam e autenticando todos os humanos. O Twitter tem imenso potencial — e eu estou ansioso para trabalhar com a companhia e a comunidade usuários para destravar isso.”
Nesta segunda, Musk já havia tocado no assunto com a seguinte mensagem: “”Espero que mesmo as minhas piores críticas continuem no Twitter, porque isso é o que liberdade de expressão significa”.
Após o anúncio, ainda com a Bolsa de Valores americana aberta, as ações do Twitter deram um saldo de cerca de 6,3%, chegando a custar US$ 52 cada. Na compra de Musk, cada papel foi negociado por US$ 54,20, valor que o Twitter não conseguia alcançar desde novembro de 2021. O negócio representa um premium de 38% nos papeis em relação ao dia 1 de abril, quando Musk revelou que havia comprado 9% da companhia.
Segundo o documento publicado pelo Twitter, a transação deve ser financiada por meio de empréstimos e dívidas, totalizando US$ 25,5 bilhões. Além disso, Musk deve bancar US$ 21 bilhões do próprio bolso.
Avanço
O avanço das negociações aconteceu nos últimos dias, após Musk detalhar como ele irá pagar pela aquisição do Twitter. O plano do homem mais rico do mundo para comprar a rede social, de acordo com o jornal New York Times, envolveria o desembolso de aproximadamente US$ 21 bilhões da sua própria fortuna, cartas de compromisso do banco Morgan Stanley e de um grupo de credores avaliados em cerca de US$ 13 bilhões, além de outros US$ 12 bilhões provenientes de empréstimos a partir de ações do próprio Musk na Tesla, montadora de carros elétricos da qual ele é dono.
Segundo especialistas, foi um ataque voraz do bilionário. “Não houve outros interessados nem cavaleiros brancos neste processo de aquisição. O conselho do Twitter foi colocado contra a parede quando Musk detalhou, na semana passada, como faria a compra”, afirmou o Dan Ives, analista da consultoria Wedbush, em nota a investidores nesta terça, logo após a divulgação da notícia.
Primeiras medidas
No documento, Musk detalhou quais devem ser os primeiros passos da empresa sob seu comando. O bilionário quer transformar os algoritmos do Twitter em código aberto, tornando possível que a sociedade entenda como opera a plataforma — a medida é defendida por especialistas como uma maneira de entender como operam as plataformas e, principalmente, como frear a desinformação, que é impulsionada pelos mecanismos de engajamento das redes.
Outra medida é acabar com todas as contas de robôs de spam, ou seja, que seguem padrões de postagem repetitivos e de importunamento. A promessa provavelmente ignora os ditos robôs autênticos, criados com o intuito de informar a sociedade — recentemente, o Twitter permitiu que esses perfis na plataforma, desde que se apresentassem como robôs.
Por fim, Musk pretende autenticar todas as contas de humanos no Twitter, onde hoje é permitido criar contas falsas. A mudança tornaria o Twitter mais similar ao Facebook, onde cada usuário é autenticado pela empresa.
Novela do ‘passarinho azul’
No início de abril, o bilionário Elon Musk, dono da montadora de carros elétricos Tesla e da empresa de turismo especial SpaceX, anunciou a compra de 9% do Twitter, tornando-se o maior acionista da companhia, fundada em 2006 e famosa pela rede social de mensagens curtas e em tempo real.
Apesar de Musk ser conhecido como um feroz crítico da moderação de conteúdo, o movimento animou o mercado financeiro, que viu na entrada de Musk um jeito de tornar a plataforma monetizável – ao contrário do rival Facebook, que conseguiu construir um império desde 2005 e, hoje, é a maior companhia do ramo do mundo.
A notícia foi comemorada pelo atual presidente executivo da empresa, Parag Agrawal, e pelo fundador e CEO antecessor, Jack Dorsey. No dia seguinte, o conselho do Twitter convidou Elon Musk a integrar a mesa de decisões da plataforma para trabalhar em medidas para o futuro da empresa.
Uma semana depois, porém, Musk recusou o convite e formalizou uma proposta para comprar o Twitter por US$ 43 bilhões, ou US$ 54,20 por ação, e tornar a companhia privada. Atualmente, a companhia é avaliada em US$ 37 bilhões.
Desde então, a rede social precisa responder aos investidores se deve aceitar a proposta do bilionário, cujo patrimônio é de US$ 255 bilhões, ou recusar para vendê-lo a outro grupo. Nos últimos dias, porém, novos compradores não foram a público demonstrar interesse na plataforma, tornando a proposta do CEO da Tesla a mais atrativa.
Com Estadão